quinta-feira, 7 de fevereiro de 2013
Carnal em essência
Uma parte do Brasil da a impressão de tentar fugir do estereótipo de país do Carnaval, mas, na prática, a festa continua mais popular do que nunca e com patrocínio público e privado que lhe dá longevidade. Nos últimos anos, a participação de entidades e igrejas cristãs parece ter aumentado nesse que se transformou em um negócio lucrativo para muitos. E qual é a posição bíblica a respeito do Carnaval? Há algum tipo de aprovação, da parte de Deus, para a realização e participação nessa festa?
Antes de mencionar a Bíblia, é prudente compreender a história do Carnaval e o que hoje essa festa representa no Brasil. Segundo alguns sites de história, a origem do carnaval é desconhecida. Há os que atribuem a origem dessa festa aos cultos agrários realizados pelos povos primitivos, dez mil anos antes de Cristo, quando esses povos celebravam as boas colheitas com cânticos e danças. Outros atribuem às festas em homenagem a deusa Ísis e ao boi Ápis, no Egito antigo, ou ainda na Grécia e Roma antigas.
Segundo o Guia do Estudante da Abril, voltado a quem estuda, “eram grandes festejos pagãos, cheios de comida e bebida, para comemorar colheitas e louvar divindades e ocorriam entre novembro e dezembro”. O site Brasil Escola, também referência para pesquisas, informa que “o carnaval é uma festa que se originou na Grécia em meados dos anos 600 a 520 a.C. Através dessa festa os gregos realizavam seus cultos em agradecimento aos deuses pela fertilidade do solo e pela produção. Posteriormente, os gregos e romanos inseriram bebidas e práticas sexuais na festa, tornando-a intolerável aos olhos da Igreja”. Na edição de 2002, a revista Superinteressante divulgava que “só no século VII, na Grécia, o Carnaval foi oficializado como festejo à honra de Dionísio, deus do êxtase e do entusiasmo. A partir daí, os carnavais passaram a incluir orgias sexuais e etílicas – uma característica que chegou ilesa aos dias de hoje”. E a Igreja Católica, que inicialmente combatia os festejos carnais, acabou incorporando o feriado ao seu calendário oficial e o Carnaval passou a ter aval religioso também.
Conceito claro – Basta perceber, nos textos sobre a história do Carnaval, as palavras-chave mais usadas para se ter uma noção do conceito que caracteriza a festividade. Termos como pagão, orgia, bebidas e prazer dão uma ideia bem definida do que se trata o Carnaval. Foi uma invenção humana para tentar celebrar algo com as divindades aceitas por aqueles que não creem em um Deus único e pessoal tal como descrito na Bíblia Sagrada.
Na Bíblia, Deus não aprova quaisquer práticas que desvirtuem o casamento ou a sexualidade. O sexo foi estabelecido no Éden quando Deus uniu homem e mulher como uma só carne e não deu margem para que fosse praticado de maneira despreocupada ou inconsequente. Pelo contrário. Em toda a trajetória do povo de Israel, o Senhor deixou claro que um dos segredos do êxito estaria em seguir os conselhos divinos e fugir do mau exemplo de nações vizinhas quanto à adoração de vários deuses e tudo que isso acarretava como orgias e bebedeiras. Aliás, a embriaguez que leva a uma dificuldade de racionalmente estar em contato com Deus, por causa da alteração fisiológica, também não tem a aprovação divina. Os episódios que envolveram Noé, Ló, o rei Elá e outros demonstram claramente que o uso de bebidas alcoólicas em excesso não teve bons resultados.
E eu pergunto: o Carnaval mudou muito desde suas origens pagãs romanas ou gregas? Provavelmente não. Entre as grandes patrocinadoras da festa no Brasil estão cervejarias e até mesmo o governo faz questão de incentivar muita festa e busca por prazer sensual desde que a pessoa use preservativos para evitar doenças venéreas ou AIDS. Ou seja, orgia, depravação sexual e embriaguez continuam sendo palavras-chave da festa dos tempos atuais.
Testemunho prejudicado – Diante disso, é preciso refletir sobre se há espaço para pessoas cristãs, que dizem seguir os ensinamentos bíblicos, nessa festa popular. O argumento comum de muitos cristãos que vão, até mesmo em blocos organizados, para esse tipo de evento é que estão ali para influenciar, para serem o sal da terra. Só devem atentar para o fato de que o ambiente não é propício para esse tipo de intenção. Pessoas dispostas a ter o máximo de prazer sensual e carnal, muitas delas entorpecidas pelo uso de substâncias que alteram seu estado normal de consciência, dificilmente conseguirão absorver qualquer tipo de mensagem bíblica que exige a capacidade racional em seu melhor desempenho. Recordemos que Daniel, o humilde servo de Deus, não se atreveu a ingressar nas festas promovidas pelos monarcas babilônicos a fim de dar qualquer mensagem profética. Seu exemplo, como excelente profissional e fiel temente ao Senhor, falou muito mais alto e não o impediu de dar um testemunho. Mas você não lerá sobre Daniel misturado a uma festa pagã tentando mostrar os ensinos divinos.
Além disso, há o risco de levar jovens a esse tipo de local, pois muitos deles vivem uma luta espiritual a fim de se manterem ao lado de Cristo diante de tantas tentações. Conduzi-los a um terreno em que são abertamente realizadas práticas contrárias à Bíblia é submetê-los a uma provação que poderia ser evitável. Vai causar a nítida ideia de que, afinal de contas, o pecado não é tão desagradável, visto tanta gente sorrindo. Ainda que, em essência, essa alegria seja passageira e motivada por uma alienação da realidade.
Fico com o conselho de Paulo, que em Romanos 12:1,2 diz “rogo-vos irmãos, pelas misericórdias de Deus, que apresenteis o vosso corpo por sacrifício vivo, santo e agradável a Deus, que é o vosso culto racional. E não vos conformeis com esse século, mas transformai-vos pela renovação da vossa mente, para que experimenteis qual seja a boa, agradável e perfeita vontade de Deus”. Pessoas que desejam ter uma vida qualificada espiritualmente não podem experimentar ambientes em que o enfoque é saciar os desejos carnais.
Felipe Lemos
Jornalista da Divisão Sul-Americana da Igreja Adventista do Sétimo Dia.
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