Os evangélicos e o evangelho
Vamos aos dados. Segundo o último censo do IBGE, Instituto Brasileiro
de Geografia e Estatística, o número de evangélicos no Brasil aumentou
61,45% em 10 anos. Em 2000, cerca de 26,2 milhões se disseram
evangélicos, ou 15,4% da população. Em 2010, eles passaram a ser 42,3
milhões, ou 22,2% dos brasileiros. Mais recentemente, ouvi informação de
que mais de 4 milhões se dizem evangélicos sem pertencer
necessariamente a uma denominação. Deve ser por esse expressivo
crescimento que saiu decreto estabelecendo que o dia 30 de novembro é o
Dia Nacional do Evangélico.
O nome evangélico remete necessariamente a uma palavra bem conhecida,
tanto por quem é cristão quanto mesmo por quem não é: evangelho. Sob
esse termo evangélico há mais de uma centena de denominações religiosas
no Brasil abrigadas e que basicamente são divididas em pelo menos três
ramos do protestantismo: o histórico, o pentecostal e o neopentecostal.
Mas voltemos à essência. Ser ou se dizer evangélico deve pressupor
seguir o evangelho. Teologicamente, evangelho significa boas-novas e tem
a ver primeiramente com a narração canônica dos quatro biógrafos que
retrataram a vida de Jesus Cristo e Seus ensinos: Mateus, Marcos, Lucas e
João. Podemos ir além e identificar o evangelho eterno presente no
livro de Apocalipse, capítulo 14, que seria pregado a toda a nação,
tribo, língua e povo.
Sendo mais simples, evangelho é uma mensagem a ser difundida e que
está totalmente conectada com a vida, a missão e o caráter de Cristo e,
portanto, de Deus, o Pai. Não é uma mensagem inconsistente qualquer
formulada ou idealizada por um grupo de homens reunidos há vários
séculos, caso contrário teria desaparecido completamente. Nem é um
conceito abstrato, filosófico e que somente um bando de eruditos
consegue entender depois de muitos e aprofundados estudos teológicos ou
sociológicos. Caso contrário, não poderia ser algo que implicasse
salvação espiritual para todos.
O evangelho é tudo o que Cristo ensinou e que confirmou o que em toda
a Bíblia já vinha sido ensinado desde os profetas do Antigo Testamento.
É uma mensagem harmônica, não contraditória e que não está à venda. Ou
seja, evangelho não é como algumas leis que mudam de acordo com as
conveniências ou interesses políticos. Não é uma moda passageira que
passa de um ano para o outro ou que só existe se estiver em destaque na
mídia. Talvez hoje se popular algo que não é evangelho e gente que, quem
sabe, também não é evangélica se formos ao cerne da questão.
O mais importante é entender que, por uma questão de lógica, ser evangélico é viver o evangelho sem qualquer interesse escuso, justificativa ou medo. Sim, nesse Dia Nacional do Evangélico seria mais prudente lembrar de quem deu a vida literalmente por esse evangelho. Gente como os primeiros discípulos e apóstolos, cuja parte da trajetória está registrada na narrativa bíblica de Lucas em Atos.
A permanência desse evangelho real e transformador de vidas é uma
prova incontestável de sua qualidade. Como disse Gamaliel, em Atos 5:38 e
39, falando durante grande reunião da liderança judaica ameaçada pelo
crescimento do cristianismo, “portanto, neste caso de agora, não façam
nada contra estes homens. Deixem que vão embora porque, se este plano ou
este trabalho vem de seres humanos, ele desaparecerá. Mas, se vem de
Deus, vocês não poderão destruí-lo, pois neste caso estariam lutando
contra Deus”.
Evangelho vem de Deus e não pode e nem será destruído. Nem pelos
ataques dos inimigos e nem pela frouxidão de alguns que dizem defendê-lo
hoje.
(Texto de Felipe Lemos)
Fonte: adventistas.org